Suas rimas, quadras e sextilhas são boas ferramentas para o ensino da lingua portuguesa. Tal forma de expressão cultura vem sendo fartamanete analisa por autores nacionais e estrageiros com enfoques de cunho histórico, folclórico, literário, antropológico ou sociológo, constituindo-se em um campa dos mais férteis e representativos da cultura brasileira.
Gilberto Freyre discorre sobre a significação da Literatura de Cordel desta forma: "Fala-se, de zelar pela memória que, para ser sociologicamente válida, precisa de incluir todo um complexo de experiências vividas por uma gente nacional: desde a mais erudita à menos letrada ou de todo iletrada. O Brasil não se define, como cultura, apenas pelos discursos pronunciados nas suas academias de letras, de filosofia e de ciências ou nas sua universidades. Define-se também pelas estórias contadas em português espontâneo, rústico, rude, porém expressivo. Por cantigas também espontâneas: cantos de analfabetos até. Pelo sua sabedoria popular manifestada, por vezes, de modo surpreendentemente intuitivo e imaginativo."
Poderíamos abservar, ainda em consonância com Freyre, que uma das mais importantes iniciativas no campo da cultura brasileira dos últimos cinquenta ou sessenta anos consiste exatamente numa maior aproximação dos estudos científicos em relação às fontes populares de informação idônea. Essa valorização das expressões vindas da boca do povo, poderia ser exemplificada pelo que Manuel Bandeira, em Evocação do Recife, denominou de "lingua errada do povo, lingua certa do povo".
A literatura de cordel diz respeito ao romanceiro popular, contido em folhetos pobremente impressos e expostos à venda pendurados em varais nas feiras e mercados nordestinos. Vindo de Portugal, a denominação cordel veio substituir a maneira popular chamada folheto-de-feira ou simplemente folheto. O nome cordel se popularizou e ganhou gosto nas camadas sociais. No entanto, existem alguns poetas que não aceitam a utilização do termo cordel, por considerar um "intervenção oficial" em relação à cultura popular, defendendo a designação de romances, pelejas ou folhetos.
Trata-se de uma das mais genuinas formas de expressão do pensamento do homem nordestino. A simplicidade de sua composição gráfica, as falhas de impressão, sua estética de elementos artesanais, feitos com a carência de recursos como tempo, dinheiro e ferramentas simples, fazem com que ele represente um produto de certa forma marginal, mas ao mesmo tempo vivo e contemporâneo.
No passado, o cordel serviu de jornal noticioso, abordando noticias de interesse regional, nacional ou universal com as aventuras de Getúlio Vargas e a ida do homem à Lua. Servindo como fonte de informação, opinião, comentário e questionamento dos mais diversos assuntos do Nordeste e para os imigrantes nordestinos para os grandes centros urbanos.
Fruto de um mesmo contexto cultural nordestino, a xilogravura é utilizada na maioria das capas dos folhetos de cordel. Representa uma importante técnica de visão de mundo e do universo do nordestino, estabelecendo assim uma estreita identidade cultural com a literatura popular em versos.
A aprendizagem não-formal obtida através do cordel aparece nos filhos e netos dos cordelistas, que por vezes deixam o ofício para seus filhos e netos que aprender a trabalhar entalhando e escrevendo. A tradição do cordel corresponde à identidade nordestina dos seus primeiros poetas, que enfocavam como temática assuntos de cunho rural, tais como elementos naturais (caatinga, grandes rios, agricultura, secas, grandes chuvas de inverno), bem como homens valentões e mulheres bonitas que habitavam os sertões do Nordeste. Incorporar temas urbanos não acarreta, como consequência imediata, um afastamento da tradição do cordel. Ela faz este movimento entre o arcaico e o contemporâneo abordando temas tradicionais e assuntos da atualidade.