O canto do pajé

Heitor Villa-Lobos (música)

C. Paula Ramos (letra)

Ó manhã de sol, Anhangá fugiu

Anhangá ê, ê

Ah! Foi você quem me fez sonhar

Para chorar a minha terra

Guaraci, ê ê

Anhangá fugiu

Ó manhã de sol

Anhangá fugiu

Canta a voz do rio Canta a voz do mar

Tudo a sonhar

O céu, o mar, o campo, as flores

Ó manhã de sol Anhangá fugiu

Ó Tupã, deus do Brasil

Que o céu enche de sol

De estrelas, de luar e de esperança

Ó Tupã, tira de mim essa saudade

Anhangá me fez sonhar

Com a terra que perdi

A várzeA se move

Na várzea, o movimento de subida e descida da água domina a vida. A alternância entre os mundos aquáticos e terrestres determina o que acontece no ambiente. O rio se mexe e tudo mais se mexe com ele. O ciclo de vida dos peixes, das árvores e dos varzeiros acompanha a dança do rio, e essa dinâmica é responsável pela grande fartura existente na região. Conhecer como isso acontece é fundamental para aproveitar todo o potencial de riqueza que é a várzea do rio Amazonas.

Às vezes, as pessoas nem conseguem acompanhar o que se passa no silêncio das águas e dos solos. Mas sabem que os peixes desovam no tempo da cheia e passeiam nos lagos e florestas se deliciando com frutas e sementes da floresta alagada. Os capins crescem nos lagos e o sedimento assenta na água. Na seca são outros os movimentos: os vegetais, aproveitando os solos enriquecidos, se fortalecem; as famílias das tartarugas e dos passarinhos vivem, nas praias e campos, a alegria da reprodução; e os cardumes de peixes lisos viajam rio acima.

Quadrinhas de Carlos Drummond de Andrade

Atirei um limão n’água

e caiu enviesado.

Ouvi um peixe dizer:

Melhor é o beijo roubado.

Atirei um limão n’água,

fez-se logo um burburinho.

Nenhum peixe me avisou

da pedra no meu caminho.

PEIxE, bOTO Ou OnçA D’águA?

Rapaz, vou contar uma história. Ela é um pouco simples, mas eu vou contar. Eu pescava ali, no lago Garapé, e tinha um peixe grande que boiava do outro lado. Ele fez três boiadas e eu disse: se ele boiar mais uma vez, eu vou lá. Aí deu. Foi assim: o peixe vinha de fora, direto em mim. Ele chegou na posição boa e eu meti o arpão. Aí ele correu um pouco e eu tentei aguentar na linha. Mas a linha assou minha mão e eu soltei de novo. Então ele fez um rodopio e eu enxergava ele dançando lá embaixo. Um peixão. Aquela emoção toda lá, e eu animado com ele. Nisso, escutei uma boiada, igual a do boto, lá do meio do aningal, perto de onde eu estava. Aí eu aguentei, porque esses pescadores mais antigos falavam que era onça d’água, que boia que nem boto. Fiquei quieto, e o peixão lá. Mas eu não tinha secundador, não podia fazer nada. Fiquei espiando o peixe, e ele saía com o queixo de fora, e tornou a dar outra boiada. E eu parado. Depois, não vi mais nada da boiada do bicho pra lá. Quando eu consegui chegar no arpão, não tinha nem escama. Não sei o que aconteceu. Só sei que o peixe foi embora e que eu também vi esse negócio lá.

Antonio Jacinto Ferreira da Costa Pescador, Surubim-Açu

Copaíba

A copaíba, conhecida como o antibiótico da mata, é uma das plantas medicinais mais usadas na Amazônia, principalmente para tratar inflamações. Para essa finalidade, não há nenhum substituto. Os índios descobriram o poder de cura do óleo de copaíba e desde então ela tem salvado a vida de muitas pessoas seriamente feridas. Muitos dizem “longe do hospital ou da farmácia, o óleo de copaíba serve até melhor do que um médico”.

inventAndo o PróPrio Brinquedo

Eu gosto de brincar de barquinho. O barquinho é feito aqui mesmo na comunidade por alguns meninos, ele é feito de pau. Um brinquedo que eu mesmo faço é o boi de cuia verde. Eu pego a cuia verde e alguns pedacinhos de pau. Com os paus eu faço as pernas, os chifres e o rabo da cuia.

Edson Rego (10 anos) Estudante

A corda é muito antiga

A corda é um dos utensílios mais antigos fabricados pelo homem. Em restos da Idade da Pedra, foram encontradas cordas feitas de fibras torcidas e reforçadas com um material resinoso. Os egípcios já as fabricavam de algodão, cerca de três mil anos antes da Era Cristã. Sem cordas, não poderiam ter construído as pirâmides

Menina dos olhos grandes

Não olha tanto pra mim

Se não queres meu amor

Por que me olhas assim?

Lá no fundo do quintal

Tem um tacho de melado

Quem não sabe cantar verso

É melhor ficar calado.

Cajueiro abaixa o galho

Que eu quero chupar cajú

Menina diga ao teu pai

Que eu quero casar mais tu.

espírito de porco

Nos tempos coloniais, os escravos faziam todo tipo de trabalho, do mais leve ao mais pesado. Mas um causava terror: negavam-se a abater porcos. Achavam que os espíritos suínos lhes atormentariam à noite. A expressão passou a designar quem incomoda, atrapalha, é inconveniente.

embarcações tradicionais

No Brasil, que é um dos países com maior riqueza em embarcações tradicionais do mundo, pouco se conhece sobre a história, as tradições e a diversidade deste universo.

Com uma extensa costa litorânea, foi colonizado e explorado com base na atividade náutica tradicional, cujas embarcações, construídas com técnicas europeias, africanas e orientais trazidas pelos colonizadores e integradas às técnicas indígenas, resultaram em diversos modelos adaptados às condições de navegabilidade locais, com soluções originais que vêm sendo passadas através de gerações de mestres-carpinteiros navais.